Dor no couro cabeludo: o que pode ser?

Além do incômodo, a dor no couro cabeludo pode levar à queda dos fios. Saiba como evitar e tratar o quadro com a expert Luciana Passoni

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Sensibilidade e dor no couro cabeludo são mais comuns do que imaginamos. A gente sente no simples pentear, ao prender os cabelos e, de repente, até ao passar as mãos nos fios. Mas quando esse desconforto é um sinal de que algo não vai bem?

Para nos guiar nessa jornada, convidamos a especialista em tricologia Luciana Passoni. Ela nos ajuda a entender o que é essa dor, o que a provoca e, o mais importante, como podemos cuidar da saúde do nosso couro cabeludo.

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Dor no couro cabeludo: o que pode ser?

Essa sensação de desconforto tem um nome: tricodinia. O termo, que vem do grego, significa “dor no cabelo” e pode se manifestar como formigamento, ardência, pontadas ou queimação.

A tricodinia é, na verdade, um sintoma de uma inflamação no couro cabeludo, que em casos mais graves, pode levar à queda de cabelo e até à calvície.

Luciana Passoni explica que a tricodinia pode ser resultado de hábitos simples, mas que repetidos no dia a dia, acabam sobrecarregando a região.

“Pode ser um penteado muito apertado, o uso de bonés e capacetes apertados, excesso de exposição solar e o uso de água quente ou fria demais no banho, por exemplo”, explica para a gente, a médica.

Dor no couro cabeludo: o que pode ser?

A dor e a sensibilidade no couro cabeludo podem ser sintomas de tricodinia

O que pode causar a dor?

Ela é, na maioria das vezes, o resultado de uma combinação de fatores, que vão desde a forma como cuidamos dos fios até condições dermatológicas mais sérias.

1. Hábitos

Muitas das dores no couro cabeludo são causadas pela tração excessiva, ou seja, pela pressão contínua que aplicamos nos folículos capilares.

Penteados como rabos de cavalo e coques muito apertados, tranças ou até o uso prolongado de capacetes podem causar microtraumas na pele.

A especialista reforça a importância de darmos um tempo aos fios: “Evite penteados com maior tração, como coques e rabos de cavalo altos, já que eles podem causar quedas e arrebentar os fios”, afirma.

A exposição ao sol sem proteção também é um fator de risco, especialmente para quem tem cabelos mais finos ou menos volume, que oferecem menos barreira natural.

2. O impacto da saúde e das emoções

A nossa saúde geral reflete na saúde capilar.

O estresse e a ansiedade podem afetar a microcirculação no couro cabeludo e aumentar a sensibilidade, causando dor.

A tricodinia também pode ser um sintoma de condições como a dermatite seborreica, que causa coceira, descamação e pode levar à dor e à inflamação.

Luciana alerta sobre a oleosidade, um dos gatilhos para a dermatite.

“O sebo também colabora para a proliferação de fungos e bactérias, que causam placas, coceiras e feridas, podendo deixar a região bem dolorida”, aponta a expert.

A médica dermatologista ainda conta que procedimentos químicos, quando feitos de maneira incorreta e com produtos muito agressivos, podem desencadear a inflamação ou agravar o quadro.

“Quando entram em contato com o couro cabeludo, essas substâncias podem causar queimaduras e até queda de cabelo”, diz.

3. Doenças capilares

A dor no couro cabeludo pode ser um sinal de doenças capilares específicas. Ela pode surgir em casos de:

  • Foliculite: infecção dos folículos pilosos que causa pequenas espinhas vermelhas e doloridas;
  • Eflúvio Telógeno: queda de cabelo intensa e aguda que, em alguns casos, pode vir acompanhada de sensibilidade;
  • Alopecias: em alguns casos, como a areata ou a androgenética (calvície), a dor pode ser um sintoma inicial, tornando-se um alerta para buscar ajuda profissional;

O que fazer para aliviar dores no couro cabeludo?

A prevenção é o melhor caminho. A filosofia do “scalpcare”, ou seja, cuidar do couro cabeludo como uma extensão da pele do nosso rosto, é essencial para manter a saúde capilar.

  • Proteja-se: “use bonés ou chapéus ao se expor no sol, principalmente pessoas com fios mais finos e sem volume”. Além disso, evite o uso de secadores ou chapinhas muito perto da raiz;
  • Lave corretamente: a forma como você lava o cabelo faz toda a diferença. Use água morna ou fria, evite esfregar com as unhas e massageie a região suavemente para não irritar a pele e estimular a circulação;
  • Produtos certos: escolher um shampoo adequado para o seu tipo de couro cabeludo é fundamental. O uso de produtos com ativos calmantes, como pantenol, pode ajudar a reduzir a sensibilidade e a coceira;

Se a dor e a sensibilidade persistirem, é hora de procurar um especialista. Luciana alerta “é imprescindível que o paciente procure um tricologista ou dermatologista para uma avaliação adequada”.

O profissional fará um diagnóstico completo, que pode incluir a tricoscopia, um exame não invasivo que permite visualizar o couro cabeludo e os folículos em alta magnificação.

Esse exame é crucial para identificar a causa e monitorar o progresso do tratamento.

O tratamento pode variar. Segundo a tricologista, ativos calmantes podem ajudar a aliviar os sintomas, mas o que realmente resolve é eliminar a causa.

Em alguns casos, é necessária a prescrição de loções específicas. “Em alguns casos há prescrição de loções específicas, com ação anti-inflamatória, medicação anti-histamínica e analgésicos. Shampoos com pH ácido também ajudam a controlar a sensibilidade da região”, explica.

Para quadros mais graves, o médico pode recomendar tratamentos clínicos como a intradermoterapia, que aplica medicamentos diretamente no couro cabeludo, ou a laserterapia de baixa potência, para estimular o crescimento capilar e reduzir a inflamação.

Produtos para acalmar o couro cabeludo sensível e evitar dores na região

- Por Letícia Leite