Psoríase: sintomas, gatilhos e cuidados diários com a doença

A psoríase é uma doença de pele que exige cuidado constante e tratamento individualizado. Confira como identificar os sintomas e como tratar.

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A psoríase é uma doença cutânea crônica que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, causando desconforto, manchas e descamação da pele. 

Para entender melhor como a psoríase se desenvolve, quais são seus sintomas e como é viver com essa doença no dia a dia, conversamos com a expert e dermatologista Dra. Patrícia Nakahodo e com Marina Ferrari, paciente que lida com a psoríase há mais de dez anos.

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O que leva a ter psoríase?

A psoríase é uma doença autoimune e não contagiosa, que acelera o ciclo de renovação das células da pele. Como explica a Dra. Patrícia, “as lesões mais características são placas descamativas sobre uma base avermelhada, que pode sangrar com facilidade.”

Ela explica que é comum o aparecimento sobre as articulações como joelhos, cotovelos e dorso dos dedos, mas também, no couro cabeludo, orelhas e pescoço. “Algumas alterações nas unhas também podem vir associadas a psoríase”, diz.

Os principais sintomas são:

  • Placas vermelhas com escamas brancas: um dos sinais mais característicos, principalmente nas áreas mais afetadas;
  • Coceira e sensação de queimação: as lesões de psoríase costumam ser acompanhadas por coceira intensa e, em alguns casos, até dor;
  • Ressecamento e rachaduras: as áreas afetadas podem ficar ressecadas, rachadas e até mesmo sangrar.

Conversamos com Marina Ferrari, 26, que vive com psoríase desde os 15 anos. Ela compartilhou com a Beleza na Web como foi a descoberta da doença e quais são os cuidados que a ajudam a manter a qualidade de vida.

“A psoríase afeta muito a autoestima, o bem-estar e a saúde. Por questões de imunidade, a gente acaba tendo muitos problemas, então, o que para muitas pessoas seriam situações normais, pra gente (pessoas com psoríase) são situações muito perigosas e que podem acarretar outras doenças ou outros diagnósticos.” – Marina Ferrari.

Psoríase é uma doença de pele não contagiosa

O que ataca mais à psoríase?

A psoríase possui um componente genético, mas há também gatilhos ambientais e emocionais que podem influenciar no seu surgimento e piora dos sintomas. 

“O stress não é a causa, mas costuma ser um importante fator desencadeante ou agravante da psoríase. Traumas locais também costumam contribuir como queimaduras, machucados e até mesmo tatuagens, podem desencadear o aparecimento de placas de psoríase exatamente no local acometido em quem tem a predisposição”, fala a dermatologista. 

Marina diz que os primeiros sinais começaram logo nos primeiros meses de vida, com o surgimento de uma dermatite atópica. “Fui cuidada com pomadas e cremes, que resolveram no período. Mas, os médicos já sabiam que eu poderia ter uma doença de pele, como a psoríase.”

A pele da Marina sempre apresentou ser muito seca, “eu tinha alguns problemas de assadura, dores e machucados nas articulações, era muito comum as minhas dobras da pele ficarem muito secas e aquilo gerar alguns machucados e cortes nos dedos.”

Patrícia também indica que infecções de garganta também podem ser um fator importante em psoríase corporal, principalmente em crianças.

“Foi então que com 15 anos eu comecei a ter os grandes sinais da psoríase, algumas marcas no meu corpo, escamas e rachaduras. Eram marcas bem secas na minha pele e coçavam muito”, complementa. 

As primeiras escamas começaram pela cabeça da Marina, “parecia que eu tinha caspa, e essas escamas desciam do meu couro cabeludo até a parte de trás do meu pescoço e nas orelhas.”

Como diferenciar a psoríase da dermatite?

Existem diversos tipos de dermatite mas, tanto a dermatite quanto a psoríase são condições de pele com sintomas semelhantes, como vermelhidão, coceira e descamação, mas elas têm causas, manifestações e tratamentos diferentes.

No caso de Marina, com uma cirurgia, os sintomas pioraram e veio então o diagnóstico definitivo da psoríase. “Durante o meu processo de cicatrização a psoríase piorou muito, eu estava em um processo desinflamatório, tomando muitos remédios e comecei a ter muitas marcas, principalmente na área dos seios, onde eu tinha a minha cicatriz.”

E, aos 20 anos, Marina passou por um período de depressão profunda “Durante esse tempo eu tive muitos problemas e isso dificultava muito no meu tratamento”.

“Eu tinha mais de 80% do meu corpo tomado pela psoríase. E foi aí que um médico me explicou algumas coisas sobre a doença, o estresse e a alimentação ajudam a piorar a psoríase, mas a doença não está ligada a esse tipo de coisa diretamente.”

“O dermatologista em geral consegue diagnosticar somente pela clínica, mas eventualmente são necessários exames como biópsias de lesões para concluir o diagnóstico da psoríase”, explica Patrícia.

A psoríase pode ser desencadeada por diversos fatores, mas existem tratamentos para auxiliar na qualidade de vida

O que é bom para tratar psoríase?

Segundo a dermatologista, os tratamentos vão depender de cada paciente e de análises clínicas. “Dependendo dos tipos de lesões e extensão da doença, o tratamento varia entre pomadas tópicas até medicações sistêmicas tanto orais como injetáveis.”

Assim como outras doenças de pele e corpo, hábitos saudáveis influenciam na melhora e no equilíbrio dos sintomas.

“Fiz fototerapia, tratamento com pomadas, remédio via oral e sempre mantendo a pele muito hidratada”, fala Marina.

Marina revela que um dos seus cuidados diários é tomar sol, e que isso auxilia muito no alívio dos sintomas da psoríase.

“O maior aliado de quem tem psoríase é o sol. O sol do meio-dia é indicado por 30 minutos, passo o filtro solar para proteção e sempre após, tomo um banho para tirar o filtro solar e passo bastante hidratante para manter a pele bem hidratada.” 

Além da rotina de banho de sol, Mariana segue à risca os cuidados tópicos na pele. “Passo creme três vezes ao dia, são cremes com alto nível de hidratação e nutrição, específicos para pele seca e ressecada. Uso óleos, águas termais e tomo de 3 a 4 litros de água por dia, porque é realmente muito necessário se manter hidratada.”

A dermatologista explica que a alimentção e hidratação também têm papéis importantes: “uma alimentação equilibrada, o controle do stress e banhos de luzes específicas, podem contribuir para a melhora da doença.

“Se eu pudesse dar um conselho para quem foi diagnosticado, eu diria pra ter calma. Fiquei muitos anos sem usar shorts, saia, vestido, porque eu tinha muita vergonha das marcas na minha pele. Não tenha vergonha, trate sua autoestima, aprenda que durante o tratamento é um cuidado com você mesmo, quando você começa a ver o resultado do tratamento faz toda a diferença. A psoríase tem tratamento e tem controle!” termina Marina.

- Por Nathalia Marchi