Loucas por cabelo: como cada fio conta uma história
Descubra a história de Maju Cerqueira, a baiana que desde o início da adolescência viu no cabelo a força para acompanhar cada momento de sua trajetória
01/02/2023
Pense com a gente: quantas vezes você cortou o cabelo ao longo da vida? Pintou, fez mechas, trançou… Cortou de novo e começou uma nova história? Tenho certeza que muitas. Por aqui, também somos assim. E a Maju Cerqueira, colaboradora do nosso blog, divide o seu relato de transformação.
Segue o fio!
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“Assim como Sansão, sempre imaginei que minha força estava no meu cabelo. Mas, diferente dele, eu posso cortar, raspar, pintar e adicionar, a verdadeira força está em me sentir bem.
Poderia começar falando sobre todos os momentos em que sofri por causa do meu cabelo. Como no dia em que uma conhecida minha pediu para que lavassem e secassem o meu cabelo no salão, apenas para tirarem os meus cachos.
Naquele dia, meu cabelo ficou inchado, seco, mas o que importava era que estava ‘esticado’.
Mas, não quero falar sobre essas amarguras. Eu realmente prefiro focar em todos os momentos que eu compreendi a importância que meu cabelo tem. A força que ele era (e continua sendo) e o que ele realmente representa para mim.
Mudar, para mim, nunca foi uma dificuldade. Eu me joguei, e então minha pastinha de possíveis looks nunca mais foram as mesmas. Comecei cortando um pouquinho aqui, um pouquinho ali e quando eu percebi, já era a nova “Joãozinho” do pedaço. Não me importava.
Assim que eu percebi que o meu cabelo pertencia somente à mim, e que, apesar de tudo que poderiam falar, eu tinha total liberdade para poder utilizá-lo como uma forma de criar histórias e possíveis novas versões da MaJu.
Toda semana, cortava na barbearia do bairro, em Salvador, na Bahia. Aquele era meu corte dos sonhos, e eu queria ele sempre em forma. Eu mantive esse corte por um tempo considerável, então a rotina de ir à barbearia era constante. Mas, em julho de 2020, eu recebi uma grande oportunidade de trabalho. E lá fui eu, de mala e cuia para uma nova cidade.
Não vou dizer que sempre estive em harmonia com meu cabelo, pois seria mentira. Com toda essa mudança, decidi que deixaria meu cabelo crescer. Foi difícil e dolorido. A baixa estima bateu na minha porta e eu abri.
Essa nova fase misturou, assim como um coquetel, com todas as angústias e medos de um novo lar, de um novo trabalho e novas inseguranças que chegaram. Longe de casa, com uma nova rotina, vários questionamentos surgiram para mim: e agora que eu trabalho com beleza? Agora que a minha “força”, aquela de se sentir bem, foi totalmente embora, o que eu vou fazer?
Existia uma nova versão de mim, e eu precisava colocar ela pra fora. Aquela Maju não tinha mais espaço. As tranças, que eu sempre deixei para depois por um medinho da dor, foi a minha escolhida da vez. Por sorte, ou por muita vontade de ter a minha força de volta, ela nem doeu tanto assim. Acho que tanto eu quanto o meu cabelo estamos nos esforçando para essa história dar certo.
Minhas madeixas, assim como a vida, se mostram cheias de reviravoltas. E eu não vejo a hora de viver meu próximo cabelo.